A arquitetura do Antigo Egito é composta por construções que, em alguns casos, estão de pé há mais de 4.000 anos. Uma façanha que só pode ser atribuída ao grande desenvolvimento técnico daquela civilização ou, como acreditavam seus habitantes, ao seu caráter divino. Mas o que é certo é que seus monumentos continuam exercendo um poder de atração inigualável nos dias de hoje, sendo o motivo de muitas viagens turísticas, como as organizadas pela nossa agência.
Por isso, nesta página oferecemos algumas chaves para que possa apreciar melhor a importância e a beleza da arquitetura do Antigo Egito, que vai desde a grandiosidade das Pirâmides de Gizé até a minuciosidade aplicada em cada canto dos templos.
A arquitetura do Antigo Egito possui características que a tornam única. E isso a transformou em um referencial para outras civilizações coetâneas e subsequentes, inspirando, em muitos aspectos, as construções erguidas, por exemplo, na Antiga Grécia. No entanto, o mais fascinante é que ainda é imitada ou reinterpretada em nossos dias pelos arquitetos mais vanguardistas.
Uma das características mais evidentes hoje em dia é a profunda ligação da arquitetura do Antigo Egito com sua religião. Certamente, havia muitos edifícios de caráter civil, mas quase nenhum sobreviveu até os nossos dias. Em contraste, as construções funerárias e religiosas são as que persistiram ao longo do tempo, para o deleite de todos os viajantes que visitam o país. É o caso das pirâmides, dos templos e dos hipogeus, entre outros, como analisaremos a seguir.
Uma das razões para a longevidade dessas construções religiosas e funerárias é a resistência de seus materiais. Embora casas e outros edifícios civis fossem feitos de adobe (barro cozido), as edificações erguidas com o intuito de eternidade utilizavam materiais muito mais duráveis, como a pedra calcária, o granito ou a arenito. Isso permitiu que resistissem à passagem do tempo e, especialmente, aos danos frequentemente causados pelas cheias do Nilo.
Outra característica marcante na arquitetura do Antigo Egito é sua estreita relação com outras artes visuais. Em particular, com a pintura mural e a escultura, nas suas diversas formas: estatuetas em redondo e alto-relevos, mas também gravuras nas paredes em forma de baixo-relevos policromados. Neles, os hieróglifos, a antiga escrita egípcia com inegável valor artístico e religioso, também são transpostos.
Entre os recursos decorativos preferidos, estão as representações dos deuses, com seus mitos associados, bem como a idealização dos faraós. A natureza também foi uma fonte de inspiração para a ornamentação, representando tanto a fauna (frequentemente simbolizando deuses específicos) quanto a flora. Neste último caso, predominam as flores de lótus, as plantas de papiro e as folhas de palma, frequentemente usadas em colunas.
Em termos construtivos, é válido destacar que a arquitetura do Antigo Egito sempre se baseou em estruturas muito robustas e maciças, com paredes espessas e com faces verticais inclinadas. Além disso, essas paredes possuem poucas aberturas, como janelas, buscando essa solidez e também para evitar a entrada do calor intenso do deserto. Quase todas as suas estruturas são adinteladas, embora edificações abobadadas tenham sido identificadas, indicando um conhecimento do arco como recurso construtivo.
Outro aspecto a destacar na arquitetura do Antigo Egito é a proeminência que muitos arquitetos alcançaram, refletindo o reconhecimento que tiveram naquela sociedade e, especialmente, pelos faraós. Pode-se citar, por exemplo, o caso de Imhotep, autor da pirâmide escalonada de Saqqara para o eterno descanso do faraó Dyeser (ou Zoser), por volta de 2.650 a.C (Império Antigo). Este profissional técnico, que também foi engenheiro e médico, chegou a ser venerado como deus em períodos subsequentes, principalmente a partir do Novo Império.
Como já mencionamos, na arquitetura do Antigo Egito existem várias tipologias predominantes, tanto de caráter religioso quanto funerário. Estas serão detalhadas a seguir, sem esquecer outros tipos de construções que também integravam as cidades e os povoados menores.
Não são nem as mais famosas nem as mais espetaculares construções do Antigo Egito, mas é importante conhecê-las porque as pirâmides derivam delas. De facto, eram pequenas construções em forma de pirâmide truncada, ou seja, tinham apenas a base ou o tronco desta figura geométrica, sem o seu ápice pontiagudo. Eram erguidas sobre locais de sepultamento, onde originalmente se encontravam os túmulos. Com o tempo, estes túmulos evoluíram para blocos de adobe e pedra, o que permitiu criar uma câmara aberta na parede (serdab) onde se posicionava a estátua do defunto, em pedra ou madeira. Posteriormente, foram acrescentadas galerias e câmaras internas.
Em relação às suas dimensões, tinham cerca de 50 metros de comprimento e 6 metros de altura. No interior, um poço dava acesso à câmara funerária subterrânea, onde se encontrava o sarcófago e onde se realizavam os rituais. Esta câmara era ricamente decorada com motivos ornamentais e cenas relacionadas com o falecido e a vida após a morte. As cenas do dia a dia também são abundantes e, por isso, podem ser consideradas uma preciosa fonte de informação sobre a época, mesmo que se tratasse de uma construção funerária utilizada apenas pela elite da sociedade.
Existem numerosas mastabas espalhadas pelo país, mas não são tão representativas da arquitetura do Antigo Egito como outros monumentos. Foram construídas nos períodos pré-dinástico, Impérios Antigo e Médio. No Novo Império, no entanto, tornaram-se cada vez mais raras. Por esta razão, sendo estruturas particularmente antigas, nem sempre chegaram até nós em boas condições. Bons exemplos são os de Shepseskaf (ou el-Faraun) e Hesy-re, nos arredores de Mênfis, a capital do Império Antigo.
As pirâmides não são apenas o grande ícone da arquitetura do Antigo Egito, mas também um dos maiores símbolos desta civilização. Eram edificações funerárias destinadas ao faraó e sua família. De fato, não foram erguidas isoladamente; pelo contrário, formavam o núcleo central em torno do qual se construíram vastos complexos funerário-religiosos. Nesses complexos, erguiam-se outras pirâmides menores para mulheres e familiares, assim como templos religiosos nas proximidades. Em algumas ocasiões, até residências reais ou palácios eram construídos, permitindo que os reis acompanhassem de perto o progresso das obras.
Estas majestosas estruturas simbolizavam duas ideias fundamentais. Por um lado, aludiam ao monte primordial que, de acordo com as cosmogonias da religião egípcia, emergiu das águas caóticas primordiais. Alguns autores defendem que essa concepção da origem do universo pode ter sido influenciada pelas inundações do Nilo, revelando terras altas após a retração das águas. Por outro lado, representavam a ascensão do faraó aos céus, inicialmente por uma grande escadaria (pirâmides de degraus) e posteriormente através de uma rampa perfeita (pirâmides clássicas). O interior da pirâmide continha galerias e câmaras onde repousava a múmia da pessoa para quem foi erguida, adornadas com ricos ornamentos e oferendas. Os chamados Textos das Pirâmides, conjuntos de encantamentos e preces em hieróglifos para assegurar a vida eterna do faraó no além, são notáveis nessa decoração.
Contudo, vale ressaltar que a construção de pirâmides não é representativa de toda a arquitetura do Antigo Egito. Os faraós núbios da 25ª Dinastia, de origem núbia, levantaram estruturas similares no atual território do Sudão, com poucas exceções subsequentes. E o seu apogeu pode ser delimitado principalmente às 3ª e 4ª dinastias, época das pirâmides clássicas.
Foram documentadas mais de uma centena destas edificações, porém variam em tamanho e estado de conservação. De especial destaque é a de Zoser (ou Dyeser) em Saqqara, datada de cerca de 2650 a.C., sendo a primeira a substituir tijolos de argila por blocos de pedra, mais duráveis. O arquiteto desta obra-prima foi Imhotep, que aspirava a um resultado mais perfeito.
Pouco depois, surgiu a pirâmide angular, com faces externas inclinadas convergindo para o ápice, precursora das pirâmides clássicas. Há debates sobre se este design foi intencional ou resultou da inabilidade dos construtores em alcançar uma pirâmide com rampas perfeitas.
A verdadeira perfeição foi atingida na IV dinastia, por volta de 2500 a.C., com as pirâmides de Gizé. Estas não apenas representam o ápice da arquitetura egípcia antiga, mas também são as mais grandiosas, perfeitas e bem preservadas. Construídas integralmente em pedra, a sua geometria impecável encanta até hoje. A maior é a de Quéops (ou Jufru), que originalmente possuía mais de 146 metros, embora hoje tenha menos de 140 metros. Dyedefra, por sua vez, pode ter sido um pouco mais alta, mas foi desmontada durante o período romano.
Com o tempo, as pirâmides tornaram-se menores e a qualidade dos materiais decresceu, usando-se pedra apenas no revestimento externo e adobe na estrutura interna. Devido ao risco constante de saqueadores, as galerias internas passaram a ser mais intrincadas. Além das pirâmides de Zoser e Quéops já mencionadas, outras, como as de Quéfren e Miquerinos (parte do complexo piramidal de Gizé) e Seneferu em Dahshur, também detêm grande relevância na arquitetura do Antigo Egito.
O templo é a outra grande tipologia da arquitetura do Antigo Egipto. O seu conceito religioso é muito diferente do atual. Era mais uma “casa” para um deus em particular do que um local de culto para os seus seguidores. Naquela época, era entendido mais como a “casa” de um deus específico do que como um espaço de adoração para seus devotos, de modo que estes não entravam no santuário interno. Contudo, seu papel na vida da civilização egípcia era central e desempenhava, de uma maneira ou de outra, várias funções: administrativa, social, médica, educativa, entre outras.
Para essas funções, edifícios auxiliares de adobe poderiam ser previstos, enquanto o templo em si era feito de pedra. Entretanto, suas características evoluíram ao longo do tempo; na era pré-dinástica e nos primeiros tempos do Antigo Império, os templos se assemelhavam a pequenas capelas de adobe com tetos vegetais, onde a imagem do deus era guardada. Com o tempo, tornaram-se templos de pedra, como vistos em importantes complexos funerários, como os de Zoser, Quéops, Quéfren e Mykerinos.
Neste contexto da arquitetura do Antigo Egipto, merecem destaque os templos solares, popularizados em Heliópolis na V Dinastia, onde rituais eram realizados em honra ao deus Rá e seu poder divino. Embora haja pouca documentação sobre eles, sua estrutura seria distinta e seriam fundamentais em uma mudança na doutrina religiosa, priorizando a veneração do deus-sol Rá em Heliópolis.
Após a Primeira Época Intermediária, o Médio Império viu a construção de complexos que abrigavam outros edifícios, como as pirâmides já mencionadas e pequenos templos complementares. No entanto, foi no Novo Império que a arquitetura dos templos egípcios alcançou seu ápice. Os faraós trocaram a ideia de grandes pirâmides por outras soluções funerárias, e os esforços estatais em construir e manter templos religiosos intensificaram, tornando-os mais grandiosos e intrincados.
O templo mais notável deste período é o templo de Amon em Karnak, Tebas (Luxor), dedicado ao deus Amon-Ra. Mas outros templos, como os de Abydos e Medinet Habu, também se destacam.
Apesar das turbulências políticas e sociais após o Novo Império, templos significativos ainda foram erigidos na Época Tardia e na Época Ptolemaica. Um exemplo são os mammisi, ligados ao nascimento divino e normalmente associados a divindades da fertilidade. Templos como o de Ísis em Philae e Dendera também merecem menção.
No entanto, com o advento do cristianismo, a religião egípcia começou a desaparecer, e seus templos foram abandonados. A construção de locais sagrados foi então assumida pelos coptas, marcando assim o fim da arquitetura egípcia antiga.
Como já mencionado, um dos grandes destaques da arquitetura do Antigo Egito foi a padronização dos templos, que passaram a seguir um determinado projeto:
Um dos ícones da arquitetura do Antigo Egito são os obeliscos, marcas registradas das cidades. Originados nos templos solares de Heliópolis, simbolizavam inicialmente a coluna de água primordial sobre a qual o Sol repousava. Porém, sua função evoluiu, tornando-se parte integral da estrutura clássica dos templos. Mais tarde, Akhnaton deu-lhes um novo significado, vendo-os como raios petrificados da divindade solar Aton. Feitos de um único bloco de pedra, principalmente das pedreiras de Assuão, muitos foram levados para adornar cidades ao redor do mundo, como Roma, Paris e Nova Iorque.
No cruzamento entre a função religiosa e a funerária, encontramos os hipogeos e os speos, duas tipologias muito características da arquitetura do antigo Egito. Os hipogeos eram galerias subterrâneas escavadas na rocha com o propósito de abrigar os túmulos de membros da realeza ou da elite egípcia, após o abandono progressivo de outras estruturas funerárias mais visíveis, como as pirâmides e as mastabas.
Uma das razões para essa mudança foi a busca por maior segurança e discrição para evitar saques e profanação de múmias, algo frequentemente ocorrido nas pirâmides. E é importante lembrar que a conservação intacta da múmia era uma condição essencial para que o falecido alcançasse a vida eterna no além.
Essa forma de construção já existia no Império Antigo, quando a capital era Mênfis, mas atingiu seu ápice a partir do Império Médio e, principalmente, durante o Império Novo, substituindo definitivamente as pirâmides. Existem inúmeros hipogeos espalhados pelo país, mas os mais notáveis são os do Vale dos Reis, na antiga Tebas (atual Luxor), um verdadeiro ícone da arquitetura do Antigo Egito.
Externamente, os hipogeos são bastante discretos, com entradas que se mesclam com a fachada rochosa e passam quase despercebidas. Contudo, internamente, podem apresentar rica decoração, especialmente na galeria central que leva às câmaras anexas, onde os sarcófagos eram colocados. É comum encontrar baixos-relevos coloridos e hieróglifos, retratando cenas similares às dos Livros dos Mortos.
Os speos, por outro lado, também são construções escavadas na rocha, geralmente em uma colina, com seu interior esvaziado para formar diferentes espaços. Seu exterior é monumental, com elementos arquitetônicos evidentes e esculturas grandiosas. Diferente dos hipogeos, os speos mesclam a função religiosa com a funerária, sendo edificados para homenagear e recordar o faraó, embora não contivessem seu sarcófago. Alguns são denominados hemispeos, pois uma parte é uma construção isolada e a outra, a mais sagrada, permanece escavada na colina.
Tais estruturas não são exclusivas da arquitetura do Antigo Egito, mas é aqui que encontramos os exemplos mais notórios globalmente. O mais espetacular é, indiscutivelmente, Abu Simbel, localizado no extremo sul do país, próximo ao Lago Nasser e à fronteira com o Sudão. Ramsés II, seu grande artífice, erigiu-o nesse local para comemorar a batalha de Kadesh (1274 a.C.), que terminou empatada com os hititas, mas que ele desejou transformar em vitória, demonstrando seu poder aos vizinhos núbios com esse grandioso projeto. Um imenso speos é dedicado a este faraó, com esculturas gigantescas mesclando traços humanos e atributos divinos.
Próximo a ele, há um speos menor, dedicado à sua esposa, Nefertari. Vale mencionar também o hemispeos do templo funerário da faraona Hatshepsut, no complexo de Deir el Bahari, perto do Vale dos Reis, com uma vasta área externa e uma seção escavada harmoniosamente integrada ao ambiente.
Claro que a arquitetura egípcia antiga não se resumia apenas a construções religiosas e funerárias. Havia também edifícios civis e militares nas cidades e vilas. Em relação às habitações, não existem muitos vestígios, principalmente porque eram feitas de materiais menos resistentes, como tijolos de barro ou adobe.
Contudo, pesquisas arqueológicas indicam que as casas possuíam um salão principal e central, com colunas e iluminação suspensa. Os quartos eram distribuídos ao redor. No espaço exterior, encontravam-se jardins e/ou terraços, onde palmeiras eram plantadas em fileiras. Estas casas também costumavam ter uma cave subterrânea, o espaço mais isolado e termicamente estável, ideal para a conservação de alimentos. Uma característica marcante é a quase total ausência de janelas, provavelmente para evitar o intenso calor.
As moradias mais interessantes e bem preservadas localizam-se em Amarna e Deir el-Medina. Embora sejam menos impressionantes que outros monumentos da arquitetura do Antigo Egito, são essenciais para a Egiptologia, oferecendo insights sobre a cultura diária daquela civilização.
Os palácios e residências reais também eram destaque na arquitetura do Antigo Egito, mas infelizmente não sobreviveram até os nossos dias. Em contraste com as “moradias para a eternidade” (suas construções funerárias), as residências terrenas dos faraós se perderam com o tempo. No entanto, podemos imaginar que eram locais luxuosos, decorados com cores vivas e ornamentação natural, abrangendo vastos espaços internos (como salas do trono, de recepção e do harém) e externos (jardins, lagos artificiais, etc.).
Esta tipologia de construção existiu desde o Antigo Império. Foram identificados palácios em recintos funerários de Gizé. Contudo, os exemplos mais documentados pertencem ao período do Novo Império, principalmente com Amenófis III e Amenófis IV (Akhenaton), que edificaram suas residências em Malkatta e Amarna, respectivamente.
Quanto às fortalezas egípcias, são raras. É surpreendente, dada a longa história desta civilização. Uma das razões pode ser a proteção natural oferecida pelos desertos que margeiam o Nilo. Ainda assim, escavações recentes têm revelado algumas destas construções. As mais notáveis são as Muralhas Brancas de Mênfis, que, segundo a lenda, foram erguidas pelo mítico rei Menes.
Outras fortificações estavam em regiões fronteiriças ou locais de passagem de tropas estrangeiras, como as de Tharu e Tell el Kadwa.
No entanto, as fortificações mais visíveis estão na Baixa Núbia, atualmente território do Sudão, mas podem ser classificadas como arquitetura do Antigo Egito. Foram erguidas por faraós do Médio Império e expandidas durante o Novo Império, como a fortificação de Buhen, perto da segunda catarata do Nilo, estabelecida para demarcar a fronteira sul com o antigo reino de Kush.
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